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[Entrevista] Quando GTA encontra filme policial dos anos 80, nasce The Precinct

Em The Precinct, o caos urbano dos anos 80 ganha nova vida pelas mãos da Fallen Tree Games. O estúdio, conhecido por American Fugitive, aposta agora em um jogo de mundo aberto onde o jogador veste o uniforme — e não o capuz — em uma cidade cheia de crimes imprevisíveis.

Nesta entrevista ao MeuPS, Lewis Boadle, cofundador do estúdio e diretor de arte do projeto, revela como os clássicos do cinema policial e os primeiros GTAs influenciaram o título. Ele também comenta o impacto da demo no Steam e o que esperar das versões para consoles.

The PrecinctThe Precinct

Lewis Boadle fala sobre The Precinct

1 — O jogo The Precinct é um título inspirado em filmes policiais clássicos. Quais foram as principais referências para o jogo e por quê?

Somos grandes fãs do cinema clássico, e alguns desses icônicos filmes policiais dos anos 70, 80 e 90 estão praticamente gravados no nosso DNA—então, naturalmente, eles surgiram como inspiração enquanto projetávamos os segmentos de ação acelerada do jogo. Nosso último projeto, American Fugitive (2019), também foi inspirado, em parte, por filmes e programas de TV (The Dukes of Hazzard, especialmente), então isso é uma progressão natural para nós.Seja o caos destruidor de caixas de Operação França (1971), as perseguições de tirar o fôlego de Driver (1978) ou as ruas neon molhadas pela chuva de Taxi Driver (1976), o espírito desses filmes está profundamente enraizado em The Precinct. Mas não são apenas filmes—séries como Cagney & Lacey e T.J. Hooker ajudaram muito a moldar o lado “patrulheiro” do jogo. Queríamos capturar tanto o drama quanto a rotina diária da profissão.

2 — O jogo parece usar o estilo mais antigo de Grand Theft Auto (GTA) como referência, mas desta vez estamos do lado da polícia. Houve realmente uma influência de GTA? E como é contar uma história no estilo “GTA”, mas da perspectiva de um policial?

Com certeza — se você está criando um jogo de mundo aberto, Grand Theft Auto (GTA) sempre será um grande ponto de referência. É o padrão ouro. Sempre adoramos jogos com visão aérea, então GTA I, II e Chinatown Wars foram grandes inspirações para nós. Nós já havíamos trabalhado nos fundamentos de American Fugitive, em que você estava fugindo da lei. Pareceu um ponto de partida natural inverter essa premissa e colocar o jogador como o perseguidor, em vez do perseguido! Mas, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades; este não é um “simulador de policial corrupto” ou um playground de moralidade. Você está aqui para restaurar a ordem. Damos ao jogador liberdade sobre como alcançar esse objetivo, mas sua missão é trazer ordem ao caos. No design, isso significou traçar uma linha clara para o comportamento do jogador — queríamos a adrenalina das perseguições e tiroteios, mas com a ética e a responsabilidade que vêm com o distintivo. O jogador ainda se sente poderoso, mas de uma maneira diferente dos jogos típicos de crime.

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3 — A demo do jogo na Steam atraiu mais de 300.000 jogadores em apenas uma semana. Para uma equipe de cinco desenvolvedores, este é certamente um grande feito. Como vocês lidam com as altas expectativas dos fãs, mesmo sendo um estúdio pequeno?

Tem sido ao mesmo tempo emocionante e assustador! Começamos com uma ideia um pouco arriscada — misturar a ação intensa de perseguições e tiroteios com o lado mais lento e metódico do trabalho policial, como aplicar multas e coletar evidências. Não sabíamos se essa mistura daria certo. Mas quando a demo foi lançada e os jogadores realmente se engajaram, esse foi um momento incrível para nós. Ver as pessoas curtindo o jogo — e nos dando toneladas de feedbacks valiosos — foi tanto um alívio quanto um grande incentivo. Validou o conceito e, desde então, usamos tudo o que aprendemos com a demo para melhorar o jogo: mais polimento, mais recursos, melhor equilíbrio. Tem sido uma jornada maluca, mas estamos adorando cada minuto.

4 — Como o jogo está sendo otimizado para consoles de nova geração? Ele terá suporte a recursos como ray tracing, 60 FPS e resolução 4K?

O jogo roda a 4K de resolução e 30 FPS nos consoles. Nosso foco é entregar uma experiência estável e consistente, que ainda assim tenha um visual incrível e capture a vibe cinematográfica das nossas inspirações.

5 — Qual é a experiência principal que a equipe quer entregar com este jogo?

Queremos colocar você no papel de um policial patrulheiro em uma cidade intensa dos anos 1980 — como aquelas que você veria em filmes e séries da época. Você irá desvendar uma história envolvente, cheia de reviravoltas, mas, tão importante quanto isso, vai vivenciar o ritmo do trabalho policial. Cada turno traz algo novo — chamados diferentes, eventos imprevisíveis e aquela constante tensão entre rotina e caos. Nenhum turno será igual ao outro, e isso faz parte da emoção.

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Fonte: André Custodio

6 — A cidade de Averno está em constante mudança, graças aos seus crimes gerados proceduralmente. Conte-nos quão complicado é construir um sistema assim e quais surpresas os jogadores podem encontrar graças a ele.

Na verdade, preferimos o termo “Sandbox Crimes” em vez de “Procedural”. Nosso objetivo era criar um mundo vivo e pulsante — com distritos únicos, clima dinâmico e um ciclo completo de dia e noite — que reaja à presença do jogador. Enquanto você patrulha (a pé, dirigindo ou até em um helicóptero), nosso sistema dinâmico de crimes gera uma variedade de incidentes. Alguns são pequenos — como lixo jogado na rua ou pichações — outros podem escalar para tiroteios de alto risco ou roubos de carros. Alguns crimes acontecem bem na sua frente; outros são chamados pelo rádio. Como você responde é totalmente sua escolha — só tome cuidado para agir dentro dos limites do “Uso Autorizado da Força”! Criar esse sistema foi um enorme desafio técnico, mas uma das partes mais gratificantes tem sido ver os momentos inesperados que ele gera. Ainda me lembro de quando um suspeito roubou meu carro de patrulha e deu uma volta no quarteirão. Totalmente inesperado, completamente hilário. Há uma tonelada desses encontros inesperados possíveis, e mal podemos esperar para ver o que os jogadores vão vivenciar nas ruas perigosas de Averno!

O que você tem achado de The Precinct? O jogo foi lançado recentemente e tivemos a oportunidade de analisá-lo. Confira nosso veredito aqui!

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