Ao que tudo indica, jogo velho ainda faz uma boa refeição. O legado do PlayStation One e de mais plataformas das décadas de 1990 e 2000 segue em alta, influenciando diversos títulos com estéticas que mexem muito com o coração dos veteranos.
Labyrinth of the Demon King, projeto criado pelo desenvolvedor solo J.R. Hudepohl, é a prova de que o passado e o presente ainda conversam. E mesmo um passado distante; quando algo é feito com capricho, fica evidente a qualidade de suas ideias.
E como tudo das décadas passadas já foi plenamente explorado, o game reúne diversos estilos em uma aventura genuinamente hardcore. Fãs de horror visual se sentirão homenageados, enquanto a comunidade da exploração de masmorras respirará novos ares.
Quer entender como essa receita funciona na prática? Continue com a gente e confira a análise completa de Labyrinth of the Demon King.
A vingança será em sangue… muito sangue
Em um Japão feudal mítico, devastado por guerras, fome e forças demoníacas, durante a chamada “Era do Dharma”, um ashigaru, um simples soldado de infantaria, se torna o último sobrevivente do clã do Lorde Takeda Nobumitsu.
Seu mestre foi enganado e levado a uma emboscada mortal por um poderoso Rei Demônio, que massacrou todo o exército. Agora, armado com o que restou das armas e das ferramentas de combate, ele embarca em uma verdadeira jornada para o inferno.


Determinado a cumprir sua missão de vingança, o soldado precisa rastrear e derrotar o Rei Demônio. Porém, o caminho não será fácil e exigirá vitórias contra poderosos generais e contra criaturas que estão sedentas pela última gota de sangue humano.
Labyrinth of the Demon King é um jogo de survival horror no subgênero dungeon crawler, com gameplay baseado em sobrevivência e combate. O título traz fortes inspirações em King’s Field, mas também destaca uma estética enevoada à la Silent Hill.


Isso quer dizer que os jogadores podem esperar uma experiência de combate profunda. O título oferece vários tipos de armas, bem como opções de build e a possibilidade de aprimorar equipamentos para tornar a jornada mais fácil.
Porém, ela não será. Labyrinth of the Demon King é um jogo desafiador que flerta com o roguelite. O protagonista morrerá inúmeras vezes e deve voltar para o ponto onde morreu para tentar vencer mais uma vez.


Apesar disso, essas influências não são punitivas. Morrer não o fará perder absolutamente nada — apenas a configuração dos monstros é alterada, visto que o layout dos cenários é mantido e sempre linear.
Os jogadores também devem lidar com adversidades ambientais. Névoa e escuridão estarão sempre no seu encalço, muitas vezes escondendo objetos, passagens, segredos e monstros que poderiam estar à sua frente.


Em termos de visão geral, Labyrinth of the Demon King leva de 5h a 10h para ser concluído, mas pode exigir até 15h de gameplay para que tudo seja descoberto — e, consequentemente, a platina “pipoque” em sua tela.
Nunca subestime o que está em seu caminho
Desde o tutorial, Labyrinth of the Demon King ensina os jogadores a não subestimarem absolutamente nada. Todo tipo de inimigo é implacável e se adapta ao seu estilo de jogo — seja um perseguidor imortal ou, até mesmo, uma centopeia bizarra.
Com isso, é preciso dominar combos e movimentos de armas, pois os direcionais + ataque podem perfurar, cortar ou empurrar seus adversários. Além disso, há mecânicas de chute, pisotear, bloqueio e esquiva, com todas elas afetando o vigor.


Você já consegue entender para onde estamos seguindo: Labyrinth of the Demon King é extremamente estratégico. Controlar sua estamina é garantir a sobrevivência por mais algumas horas, pois os recursos no jogo são bastante limitados.
É possível coletar moedas para comprar frascos de cura, talismãs de magia ou armas, mas cada compra soa como um sacrifício. Dessa forma, há a necessidade de medir cada ação, mesmo que seja entrar em corredor “x” em vez de “y”.


Os monstros possuem grande variedade de movimentos e se adaptam ao que você fizer. Em Labyrinth of the Demon King, eles até mesmo atrasam seus ataques para enganar seu bloqueio — e o dano causado costuma ser massivo.
A ausência de nível de dificuldade e a atmosfera tensa obrigam que o samurai esteja sempre preparado e atento. E para isso, o trabalho de som no game se mostra como algo essencial: realmente ele brilha com efeitos incômodos, gritos e berros.
Desafios consistentes e bom ritmo de jogo
No geral, Labyrinth of the Demon King funciona muito bem. Sua proposta de dungeon crawler inclui um amplo backtracking que pode ser irritante no começo, mas que logo se torna familiar e bastante consistente.
Assim como nos clássicos Resident Evil e Silent Hill, há alguns quebra-cabeças envolvendo coleta de itens e memória. Não há qualquer indicação de objetivo — você deve seguir seus instintos e sempre prestar atenção no mapa.


Essa aposta garante que Labyrinth of the Demon King seja um título sensorial, onde quanto menos você souber sobre ele, melhor. Encontrar um chefe em momentos inoportunos e descobrir a “Majula” são agradáveis da mesma forma, mas em direções opostas.
O game também conta com personagens secundários bem desenvolvidos e um sistema interativo que faz tudo ser um inimigo. Uma dica: caso você esteja em um corredor cheio de monstros, faça-os se encontrarem e deixe a mágica acontecer naturalmente.


A ideia labiríntica do jogo também merece elogios. Ela se reflete diretamente em todos os elementos do título, desde os gráficos baseados nos anos 1990 até as máscaras dos cenários, que consistem em trevas, muita névoa e caminhos sem saída.
Por trás de tudo isso, há segredos e recompensas que farão toda a diferença em seu jogo. Estar sempre bem munido de boas armas (katanas, lanças, pistolas, arco e flecha e mais), bem como de itens de cura e moedas, é absolutamente essencial.
Com o passado, vêm presentes desagradáveis
Infelizmente, a escolha de tornar Labyrinth of the Demon King um título nostálgico trouxe alguns prejuízos. Algumas inconsistências na qualidade de vida, por exemplo, deixam a experiência mais difícil do que ela realmente deveria ser.
Ao longo da campanha, é necessário acessar o menu para absolutamente tudo, pois não há teclas de atalhos. Isso se estende às armas — se há dois inimigos em uma mesma sala, mas ambos são fracos contra armas distintas, é necessário pausar o jogo.


O uso de itens também é prejudicado em Labyrinth of the Demon King. Apenas alguns deles são ativados por meio dos direcionais, enquanto o restante fica disponível apenas pela tela iniciada por meio do touch pad do PS5.
Outro problema portado das gerações antigas diz respeito ao desequilíbrio nas lutas contra chefes. Você sentirá bastante já na primeira batalha: mais ágeis, eles parecem se comportar como se estivessem em um jogo totalmente diferente.


Por mais rápido que você aperte os botões de ataque, há sempre um descompasso que definitivamente lhe causará algumas mortes, pois os monstros maiores atravessam seu bloqueio.
Labyrinth of the Demon King: vale a pena?
Tirando as limitações de interface e no combate contra chefes, Labyrinth of the Demon King é um título que reúne idealmente a nostalgia com as máquinas modernas. Gráficos fluidos e ótimo design de som são elementos que colocam o jogo em outro patamar.
Fãs de ação e terror se sentirão homenageados, pois há grandes referências a clássicos em toda a aventura. Além disso, ela prega bons sustos, bem como momentos que te farão perceber como ser vulnerável faz os humanos encontrarem sua verdadeira força.


Além disso, podemos destacar o bom tempo de campanha e a grande quantidade de segredos, mesmo inseridos em uma experiência linear. Tudo isso pode ser seu por apenas R$ 104,90 na PS Store, com 10% off para assinantes PS Plus.
Labyrinth of the Demon King é um vinho que envelheceu bem, provando que os primórdios dos videogames ainda têm muito a oferecer.