Com a missão de “engrenar” na ação, The Last of Us da HBO chega ao seu quinto capítulo nesta segunda temporada. Apesar de começar com um ritmo mais lento, as coisas começam a escalonar rapidamente ao longo dos 45 minutos de episódio — talvez, até rápido demais.
No início do capítulo, duas mulheres, comandantes de unidades diferentes, conversam em uma sala. Uma delas relata ter enviado um esquadrão (liderado pelo próprio filho) aos andares mais profundos de um hospital, onde havia esporos. No entanto, pelo walkie-talkie, o rapaz relatou para trancá-los lá, após ter, provavelmente, visto algo muito ruim e teve seu pedido atendido.
Essa cena parece ser uma introdução ao Rei dos Ratos, um dos chefes mais icônicos do jogo The Last of Us Part II. O público comum, a princípio, talvez não tenha entendido o propósito da conversa, mas esse foi um diálogo bem-vindo para os eventos futuros da história.
A partir daí, a série indica que veremos os eventos do “Dia Dois” de Ellie em Seattle. No teatro, Dina (Isabela Merced) está estudando as conversas entre os lobos da WLF pelo rádio, enquanto traça um plano para ela e Ellie chegarem ao hospital. A protagonista vivida por Bella Ramsey, porém, não entende bem como sua namorada faz isso e vai explorar o local. Aqui, temos um dos momentos mais legais do episódio.
Ellie se depara com o palco do teatro, onde existem várias guitarras e violões. Ela pega um violão, senta em um banquinho e começa a praticar e a cantar. Essa é uma clara referência ao minigame presente em TLOU Part II, onde o jogador pode tocar qualquer música que quiser — inclusive, no YouTube é bem fácil encontrar vídeos de players tocando Red Hot Chili Peppers, Nirvana, etc.
De volta à Dina, ela aparentemente descobre a posição de Nora (Tati Gabrielle) no hospital. A missão da dupla se torna invadir o lugar à noite, encurralá-la e saber o paradeiro de Abby. No caminho, as duas encontram corpos de membros da WLF, mortos por Serafitas, levando Dina a vomitar.
Ellie começa a mostrar arrependimento por trazer Dina, afinal, seu enjoo se deu pelo fato de estar grávida. A personagem de Isabela Merced, porém, revela a história de quando matou alguém pela primeira vez, aos oito anos de idade. Certo dia, ela saiu de sua casa com uma arma no bolso, mas, quando retornou, sua mãe e sua irmã haviam sido torturadas e mortas por um saqueador. Em resposta a isso, ela atirou nele e o abateu.
Dina explica que, se por um acaso, tivesse hesitado naquele momento, ela definitivamente estaria caçando esse saqueador até os dias de hoje. Ou seja, não iria voltar atrás de vingar Joel, que passou por algo semelhante. A cena mostra como Merced sabe transparecer as emoções de sua personagem, seja através da voz ou de suas expressões faciais.
A cena, então, muda e já estamos à noite, dentro de um prédio E é a partir daqui, que as coisas começam a ficar bastante apressadas. Primeiro, Ellie e Dina combinam de serem silenciosas, para não atrair a atenção de lobos. No entanto, a dupla dá de cara com uma horda de espreitadores, estaladores inteligentes que se escondem antes de atacar. Vale destacar o medo visível no rosto de Dina, destacando, mais uma vez, a qualidade de atuação de Merced.
Dina e Ellie enfrentam os espreitadores, com a primeira se protegendo dentro de grades, enquanto a outra, imune às mordidas de infectados, se transforma no famoso “tank”. O problema é que nem mesmo ela consegue lidar com tantos monstros ao mesmo tempo. Então, de surpresa, Jesse (Young Mazino) as salva do perigo — se mostrando bravo com Ellie, possivelmente, pela relação amorosa dela com Dina. Ele também revela que Tommy veio junto dele até Seattle, mas se separaram pela manhã.
Em seguida, o trio precisa dar no pé, afinal, foram percebidos pelos soldados da WLF, que atiram sem dó. A única saída deles é ir até um parque bastante fechado, local onde os lobos não os perseguem. O motivo? Bom… ali é a área dos Serafitas.
Ellie, Dina e Jesse se escondem em arbustos e presenciam uma cena muito gráfica. Um soldado da WLF implora pela vida, mas o culto dos Serafitas não demonstra dó, nem piedade do homem: o penduram para enforcá-lo e cortam as entranhas de sua barriga.
Sem tempo de respirarem, Dina leva uma flechada e fica incapacitada de correr. Ellie manda Jesse levá-la e se separa para atrair a atenção dos Serafitas. Isso nos traz a um take bem legal: a protagonista se esconde atrás de uma árvore, enquanto os perseguidores a procuram com tochas, lembrando de uma das artes mais icônicas do jogo.
Ellie encontra uma saída que a leva novamente ao hospital. O local é guardado por soldados que contam com a ajuda de cães de caça e, logo de cara, um já sente o cheiro da protagonista. Para a sua sorte, ela se esgueira em um buraco, despistando o cãozinho e o seu dono.
A cena corta e vemos Nora, cuidado de um paciente no hospital. Ela deixa a sala e vai até outro cômodo, para lavar um pano sujo de sangue. Novamente, de surpresa, Ellie aparece por trás da personagem de Tati Gabrielle, a rende e exige saber sobre Abby. Obviamente, ela se recusa a falar e tenta fugir, nos levando a mais uma perseguição.
Desesperada, Nora tenta escapar pelo vão do elevador, mas ele cai junto dela. Destemida, Ellie vai atrás dela, em um local visualmente bonito: fungos tomaram conta das paredes e esporos estão por todo o ar.
Sem saída, Nora está no chão. Infectada, ela se encontra em seus últimos momentos e brada contra Ellie que as duas morrerão ali embaixo. Para sua surpresa, sua inimiga não parece mal, fazendo-a deduzir que se trata da lendária garota imune procurada pelos Vaga-lumes.
A cena é muito boa (muito mesmo). O cenário escuro, a angulação da câmera, as expressões faciais das personagens (o ódio de Ellie, o medo de Nora)… tudo é executado com maestria. Nesse momento, as atuações de Bella Ramsey e Tati Gabrielle merecem todos os elogios possíveis.
Novamente, Ellie exige saber: onde está Abby? Se recusando a responder, Nora sofre com a ira da protagonista, que a golpeia várias vezes com um cano de ferro. Em seguida, a cena muda para um flashback, onde vemos Ellie acordando em uma cama e Joel (Pedro Pascal) lhe dizendo: “oi, garota”. Fim de episódio.
No geral, a ação presente no quinto episódio excede expectativas, com perseguições bem executadas, atuações precisas e cenas gráficas. Nem tudo são flores, no entanto: a aparição surpresa de Jesse parece apenas ser algo para tapar buraco (e tirar Dina e Ellie da furada onde se meteram), além do “teletransporte” da protagonista, que, sem mais, sem menos, surge diante de Nora.
De qualquer forma, o novo episódio de The Last of Us trará o tão querido flashback de Joel e Ellie em visita a um museu. Deve haver uma quebra no ritmo de ação no próximo episódio, para algo mais narrativo. No entanto, se a qualidade continuar assim, os fãs terão o que comemorar.